quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Chora que melhora



CHORA QUE MELHORA (Rosa Kapila)
Uma vez Fernando Pessoa disse  “minha pátria
/é onde não estou”.
Teresina é minha pátria e fico sempre longe dela.
Levo os dias contando canetas,clipes,resmas de papéis.
Que alma!
Os sinos tocam, mas são os computadores que o fazem.
Daqui  do décimo sétimo andar, olho tudo com binóculo.
Um rapaz bonito me chama a atenção
Me faria bem um tipo assim.
O passado e o presente se fundem.
Encontrei  na internet um namorado de  meados de 1970
Pela foto que tenho dele não me enganaria.
Continua belo. E eu sem coragem.

sábado, 27 de agosto de 2016



CLARIDADE  ( POEMA DE ROSA  MARIA KAPILA)
A Lâmpada fiel  a  me iluminar, há dez anos não queimava
Novenei pensando em mamãe
E vejo um objeto sobre a lua.
Imaginei meu pé em Plutão
E minha gata mia na foto.
Saltei na penúltima estação
Vi uma banca com livros de Molière e fraldas no varal
Prima Guadalupe me abraça
Vértebras estalam
Eu invento que o sensores de minha gata me  seguem
E dizem que gata tem bigode.


CLARIDADE  ( POEMA DE ROSA  MARIA KAPILA)
A Lâmpada fiel  a  me iluminar, há dez anos não queimava
Novenei pensando em mamãe
E vejo um objeto sobre a lua.
Imaginei meu pé em Plutão
E minha gata mia na foto.
Saltei na penúltima estação
Vi uma banca com livros de Molière e fraldas no varal
Prima Guadalupe me abraça
Vértebras estalam
Eu invento que o sensores de minha gata me  seguem
E dizem que gata tem bigode.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

COMIDA PURITANA ( POEMA DE ROSA KAPILA)
No restaurante quase escrevi teu nome
/como Drummond com letras de macarrão.
Certo Drummond, a sopa esfriou.
Sonho com as beatas ajoelhadas no pensionato
/onde morei
Sonho com elas catando feijão
Sonhos passeantes
/de moças indiferentes
Família com freiras
/abençoa legumes
Revelação na sala de jantar olhando
/Santa Maria
Para as freiras o mundo tão antigo
Para as moças indiferentes, lembranças.
Lá vem as lâmpadas fechar meus olhos.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

SE FECHO OS OLHOS

SE FECHO OS OLHOS FICA DE NOITE (POEMA DE ROSA KAPILA)


Olho a chuva de minha janela do quarto.
Um lençol de nuvens escuras cobre o Cristo Redentor
Como a chuva é linda.
Se não fossem as velhas fadigas...
Eu quero a boca do paraíso.
Vi um bicho pulando com seu terceiro pé
/depois, ele salta em cima de vidro pisado
Sempre fui iludida pelos mitos.
Sofri.
As línguas dos mares me deixam esbodegada
Avanço... arrastando-me
O bicho voa.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Eu vejo,disse o cego

                    EU  VEJO, DISSE O CEGO     (POEMA DE ROSA KAPILA)

PROCURO PALAVRAS
NA SEMI-COLA
QUE NUNCA ANDARAM JUNTAS
PORQUE AS PESSOAS TÊM SEUS ENREDOS...
E NÃO HÁ HISTÓRIA QUE CONSIGA
DAR CONTA DE TANTOS TEMAS
SE EU SOUBESSE O QUE DIRIA O POEMA, NÃO
PRECISARIA ESCREVÊ-LO.
SE  UM VENCEDOR   NUNCA FOGE
UM FUJÃO NUNCA VENCE.
NA CINELÂNDIA  MONTINHOS DE FOLHAS
CHUTADAS, PISADAS, CUSPIDAS, AMASSADAS, BAILAM
ENQUANTO BATO PAPO
COM UM  MENDIGO COM DUAS RODELAS CORTADAS NA CALÇA, NO BUMBUM...
FIQUEI SENTADA EM FRENTE AO  AMARELINHO POR DUAS HORAS
OLHANDO  QUEM FAZ NADA.
NEBULAS NOS OLHOS.
TOMO A SECO UM ANADOR
ARMADILHAS DE UMBERTO ECO
NO  "DIÁRIO MÍNIMO".
SEIS  CEGOS E O ELEFANTE.
UM DOS CEGOS, BATENDO COM SEU CAJADO
EM   CIMA DE MEU SAPATO TUM TUM TUM
ME DIZ: "EU VEJO".
ENTRAR NO ESPELHO
ESTAREI NUM MUNDO QUE DEU ERRADO?
PASSEI PELA RUA MANUEL DE CARVALHO
E MATUTEI: O NOME DE MEU AVÔ.
EM PLENA CINELÂNDIA.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

MONÓLOGO DE DIDIER



MONÓLOGO DE DIDIER (POEMA DE ROSA KAPILA)
Vou te contar porque não bebi água em tua casa
/o teu filtro com água imantada é uma fraude
De noite a Lua vem e coloca uma água   clorada nele.
E a Lua tem a torneira quebrada.
Você conhece as pessoas bacia?
- “Não”.
São pessoas rasas,tem até uma presidente
Que é bacia,mas não tão rasa.
E a Isabel do lixo?
-“Também não conheço”.
Uma tal de Princesa Isabel.
Você sabe que a família real me persegue
/todo dia. Eles colocam gafanhotos,piolho de cobra
/escorpiões e outros bichos em minha frente.
Você ouve minhas novidades?
Eu sou carpinteira, ganho dinheiro com minhas ferramentas.
Eu vivo no mercado da morte
Eu sou da esquerda.
Um dia eu fiz poemas de amor
/que nem essas besteiras que você escreve
Mandei fazer uma caixa de lata para eu
/ficar no Metrô  ganhando dinheiro.
Obs: Didier é minha amiga há 15 anos.