sábado, 22 de agosto de 2009

QUANTO MAIS ELE AGUENTA ATÉ ENLOUQUECER?
“Aquele a quem não se consegue ensinar a voar, ensine-se
a cair mais depressa.”
( Friedrich Nietzsche )


Fecho o livro com as duas mãos
E ajusto minha sombra na janela
O real acontece na televisão...
/enquanto os pesadelos passeiam
/em minha sala de visitas.
Uma carambola azeda nessa tarde de sábado
/me faz feliz.
Tenho um osso agudo no palato
/que me enfraquece os nervos e não permite
/que minha língua repouse e nem passeie
dou-lhe uma lambida glutona
/a fim de gerar poesia ou mesmo uma lembrança
/antiga para chafurdar minha memória.
Hoje saí para comprar um serrote
/e cheguei com dois livros em cada mão.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

CONTE MENTIRAS NOVAS
“O ser humano que tenta ser bom o tempo
/todo está fadado à ruína entre os inúmeros outros
/que não são bons.
( Nicolau Maquiavel )


Não se iluda com as esperas: são todas vergonhosas.
E teus inimigos estão de ódio fervido dentro deles.
Senta-te no rochedo e com uma lapiseira invisível
/desenha a todos que te apunhalaram pelas costas
/com luva de pelica na mão.
Na sequência, picota um a um
E pede ao vento para que faça a distribuição
/das caras tortas/ dos dentes quebrados/ das omoplatas
/desconjuntadas/ das pernas balangando.
Não é vingança.
São apenas lugares tomados.
Em seguida, pede a um espírito que te suspenda do chão.
Depois da risca da cal, voe. FIM.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

TEMOS QUE SER UMA PLUMA PARA FLUTUARMOS ENTRE AS PESSOAS
“A prosa é o diurno, a poesia é a noite; se alimenta de monstros e símbolos,
é a linguagem das trevas e dos abismos. Não há grande romance, pois, que
em última instância não seja poesia”
( Ernesto Sabato )


Eu quase amo o retrato numerado
E as pernas cambotas
Mas a noite se encarregou de lavar tudo
Com uma chuva-dilúvio.
Este é um sumário de versificação de aço
/que precisa ser bem temperado.
E quanto mais sofre
Mais forte fica
De nada valeu o conselho: “temos que ser uma
/uma pluma para flutuarmos entre as pessoas”
e o mar da garça veio lamber suas pernas.
O mar também arrancou o latim da pedra
Como se arranca a escama de um peixe.
Os versos ficaram divididos e a gramática,
/voadora.
Isso demonstra que os sonhos estão desocupados.

sábado, 15 de agosto de 2009

EU SEMPRE QUIS FAZER POEMAS TOSCOS
“o processo de criação narrativa é a transformação
do demônio em tema.”
( Vargas Llosa )

Meus alunos dizem que não há mais nada
/para se gostar porque odeiam tudo.
Então eu percebo quando a angústia se instala
/na personagem.
Sinto certas saudades que dóem muito.
Saudade de me sentir bebé tomando leite
/numa garrafa verde
E de sapos peidando nos charcos de meus quintais.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

SERÁ VOCÊ UM SER CITÁVEL?
“O escritor é tudo ao mesmo tempo: arquiteto,
\ chef francês, fazendeiro. E, ao mesmo, não é
\ nada disso.” (Natalie Goldberg )
Para: Kenard Kruel, que é uma amizade de brilhante
/sucesso e um grande ser citável.


Tive que desviar um rio para organizar minha filosofia de vida
Mas o curso de minha mente não posso mudar.
Trago aqui idéias enlatadas que serão lidas, esquecidas
/por aqueles que são ondas contrárias à mim:
/nos chocamos
/nos baixamos
/nos afastamos.
Algumas amizades que são brilhantes fracassos se “ondeiam”
/no espaço sideral.
Quem não quer deitar e rolar sobre seu nome?
Circulamos em órbitas diferentes
Que sorte!
Eu desaprovo os mal entendidos do tempo
Devorar o futuro e mais nada.