sexta-feira, 28 de maio de 2010

FUI COMPRAR UMA ALMA EM PARIS
“Cada um tem o seu passado fechado em si, tal como
/um livro que se conhece de cor, livro de que os amigos
/apenas levam o título”
( Virginia Woolf )
Para a queridíssima Maíra Varela

Eu não seria escritora se não criasse lendas a meu respeito.
Uma vez tentei fazer em pé numa mata fechada.
Ele dirigia sorridente e mascava ping-pong. Estávamos na Inglaterra.
- Onde será o local do crime?
- Sei lá...qualquer um serve.
Fomos para um bosque cheio de carrapicho
- “Feche as portas do carro” – pedi.
Ele espantava os muruins e, depois, fumou um cigarro.
Garrei um garrancho e cisquei na areia para pôr
/nossos nomes que ao primeiro ventinho seriam apagados.
- “Você é louca” – ele disse.
“Eu só quero o seu corpo estilo guarda-roupa” – pensei.
Ele sofria da ”síndrome da privação cultural”.
No outro dia no fone:
“Eu te amo!” Solfejou.
- Vai sifu! Falei como falam os homens de cais de porto.
Não tenho tempo a perder, sou uma pensadora da indiferença.
Minha bolsa é uma calça.
Viajei para cheirar minhas flores de limão; melhor que ficar fazendo
/buraco na água.
Tomei de empréstimo de Camilo Castelo Branco
/um dinheiro e fui comprar uma alma em Paris.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

FERVA VOCÊ, A MINHA TEMPERATURA
“Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”
( Paulo Freire )
Para minha querida irmã Ana Vitória de Carvalho Santos


Neste século não há igrejas para curar a alma.
Conto as pílulas de Ícaro Kapilo em minha mão: beleza de corolário.
O Limbitrol é lindo! Verde e rosa que nem mangueira.
Dor, dolor,dolores,dolorido,dolorium
Eureka!
O sangue se move!
Querida memória minha que dança, vou me queixar a Flaubert,
/a maior autoridade em adultério.
Eu não ignoro nem um inseto, imagina o amor...
Aquele calor gostoso que vem da espinha e nos deixa de orelhas quentes.
Quero-te febre,bêbado,caótico.
Estar contigo numa praia de Formosa, numa noite escura.
Tenho que carregar meu sexo numa Caixa de Pandora para me movimentar.
Neste instante sou abelha com pontos escuros nas asas meu amor se
/movimenta como um germe móvel com aparência de uma vírgula.
Se eu pudesse matava esse amor em pleno vôo pela Rio Branco.
Parece que um mosquito tigre listrado me picou.
Um dia eu te pego numa armadilha com clorofórmio.
Eu, um animal selvagem picada pela mosca tsé tsé te transmito em sonho
/as minhas provocações.
Gostoso seria morar em Zululândia com fratura não soldada no braço.
Sempre tive uma boa relação com as moscas, tomaria quinino em
/vez de Amytril.
Ele me causa tremores tanto quanto o demônio preocupa o Vaticano.
Forro minha cabeça de chapéus e tricôs.
Meu jogo favorito é girar minha sombrinha inconveniente
/quando na chuva corro atrás de ti.
Tiro toda a roupa para os reflexos solares de meu espelho,
/que é especialista em cérebro.
Como andam meus fagócitos?
E minha febre pintada?
Queria uma noite prolongada de anjos mas sonho com terríveis bubos.
Fico com medo de ter “suor inglês” uma doença incurável e misteriosa.
O céu chorando comigo minha vida, me banha.

sábado, 15 de maio de 2010

A INÉRCIA DAS GRANDEZAS FÍSICAS
“Aprender sem pensar é tempo perdido”
( Confúcio )
Para minha querida amiga do meu coração Josefina
Neves Melo ( a famosa Josie )

Desci as escadas à procura de meu casaco,
/mas alguém me perguntou: “tem um fósforo?”
Onde cuspirei esses caroços de laranja que venho comendo
/todo dia para os rins... ou será dor na pleura? Acabei tropeçando
No entulho que volteou por entre minhas pernas como um cachorro
/buscando proteção.
Uma barata esmagada no caminho me deu náuseas. Numa mão
Em conchinha, como se segurasse um pouquinho de água, vomitei.
Os olhos dos perigos abertos sobre mim. Meu osso trapézio,estala.
É a dor... é a dor...
Eu queria ser Mao Tsé Tung por uma hora; pois a vida é feita de política
/e tática.
Agora é um janelão que estala e lá embaixo disparam sirenes de carros
/abandonados.
O menino grita: não pisa na taba. Eu sei... é a corruptela de tábua.
Lembro de minha mãe que não deixava que nem eu e irmãos
/pronunciássemos termos como: câncer,lepra, essas coisas...
Pensei naquele poeta que não tem hora de acordar... e fica aguado
/pelas biqueiras de chuva na rede.
Eu vou desaparecer agora, já que ninguém deu por mim.
Porque continuo cansada mesmo com esse descanso eterno.
Joguei fora aquela pequena conversa na escada.
Chegam-me às mãos contas mesquinhas.

sábado, 8 de maio de 2010

SAPATO DE MEIA-NOIVA
“Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
/e te pergunta, sem interesse pela resposta,
/pobre ou terrível, que lhe deres: trouxeste a chave?”
(Carlos Drummond de Andrade )
Para minha amiga do coração, Edna Maria Médici

Guardei meu sorriso no bolso. Quanto a você,
/fique aí parado, esperando por Deus...
Um corpo sem cabeça toma café comigo com rasgo
/na camiseta.
Este corpo quando não tinha onde dormir, pulava
/o muro do jardim de amigos e, ficava ali, na grama
/até ser acordado por um cabo de vassoura.
Camaleão, roubava as cores do sol.
Sabe-se que ruim ninguém é: apenas cruel.
Se eu sou uma camaleoa posso adotar qualquer
/sintoma: frio/morte/gelo/Antuérpia.
Para mim são as mesmas coisas. Sou dona de
/minha hipocondria.
E os estudos de meus remédios eu mesma colho
Em meus livros de psicotrópicos.
Só às vezes vezes viro uma jardineira triste.
Adoeço para neutralizar situações: “a terrível energia
/para a escrita faz bem.”
Não quero vê-lo nem vestido de ouro, indo para
/o céu com Jesus a esperá-lo.
Lá vem a lua, vazando o meu olho.
Sinto muito te dizer: você só tem uma hora para
/me achar no inferno.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

GERAÇÃO Y-WORD

“(...) sono que deslinda a meada enredada das preocupações,
/ o sono é o banho reparador do trabalho doloroso, o bálsamo
/das almas feridas, o segundo prato na mesa da grande
Natureza, o principal alimento do festim da vida.”
( Shakespeare. In: Macbeth )

Para meu amigo de todas as eternidades, Ricardo Cruz

Vou sair com mantos, sapatos de botões, escudos, chapéus e
/elmos.
Sinto que estou amamentando uma ninhada morta.
A indomada chegou, armadilhas e venenos não me pegam mais.
Minha alma está precisando ser aguada...
Eu não quero um cochilo psíquico.
Trabalhar certas horas é como ir ao inferno de Dante
/todo dia e ficar passeando no umbral.
Sou russa: uma paulada para os dias trabalhados,
/uma wodka para os dias de folga.
Posso ficar distante de um anjo
Porque este anjinho é um jumbo voando que
/você vai ter que montar o motor no ar.
Sorvo-me
Sorve-te
Engesso-te
Quero meu selvagem da motocicleta
E meu Blanchot de Paris.
Não começou
Mas acabou.

terça-feira, 4 de maio de 2010

NÃO QUERO MAIS ESSA CADEIRA DE TODO DIA
“O amor continua muito alto/muito acima/muito fora da vida, muito raro
/ e difícil (...)”
( Alexandre O’Neill )
Para minha querida amiga de infância Maria do Egito Lopes dos Santos

Planejar o mal às vezes é bom.
Vejo aquele homem cortado
/pela janela de Breton...
Tenho o pé coxinho no paralelepípedo da imperatriz e a certeza
Que assombro os olhos de certos míopes.
Fui safa quando galguei as escadas, enganando os porteiros.
Tropeço em centenas de lixo de sacos preto, tais quais defuntos
/de necrotérios. Na lixeira uma coca cola de bunda pra cima
/cheirava cigarros mortos.Urh!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Contudo, no pensamento me encontro alisando lençóis de cama.
Melancolia é meu pão.
Pus suas receitas debaixo de meu travesseiro
/para que meu cérebro as domine.
Depois escorrego meu corpo e elas se amalgam
/em minhas costelas.
São apenas xerox que posso picotar quando
/nasce a ânsia no ventre. E a apatia fuma perto de mim.
Chupo,cheiro e rasgo
Depois beijo “Som e Fúria” e em seguida corro para
“Palmeiras Selvagens.”

domingo, 2 de maio de 2010

CHOVE ANJO DE ESTREIA

“Mordei, pois, esta carne palpitante.

/feras feitas de gaze flutuante...

Lobas! Leoas! Sim, bebei meu sangue!”

( Antero de Quental )

Para meu amigo Braz Uzuelle, agora, anjo no céu.



Eu fujo nas biqueiras de minhas botas.

Comprei um café na Colombo mas só bebiquei...

Que vontade tenho de pedir uma droga!

Destrua-se Cartago!

Meu amor, foi só uma coincidência de flores

Vou fazer minha despedida, hoje, no cemitério.

Vamos ter uma grande noite esta noite.

Os altos e baixos da natureza humana me deixam assim:

/com cheiro de tabasco.

Eu sei caminhar sobre as mãos das pessoas

Sempre fui esperta e escolada.

O amor escrito vem aí

Porque gosto de olhar as pessoas dormindo.

Som e Fúria de Shakespeare diz tudo.

Quero compreender o mecanismo da fantasia

Preciso anotar minhas obsessões da semana

Desejo uma carta familiar de orador romano.

Todos os meus sonhos têm sido mirados/cortados/

/esfaqueados. Vivo correndo no sonho...hiperatividade?

Preciso reler Os Levíticos

Por que essa minha vontade de ser decadente?

Eu vou e volto a dias difíceis

Meu grande prazer é jogar com as datas

Colhe o dia, gôzo!

Tenho uma vítima para rangar

O cipó acompanha o pau.








Escrito por Rosa Kapila às 02h51
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28/04/2010

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:: TE INSTALARAM EM MIM

“reminiscência,fábula,loucura”

( Jorge de Lima )

Para meu querido amigo Dailor Varela



Sigo meu amásio do céu, Alexandre O’neill concordando que “imaginar,

/primeiro, é ver. Imaginar é conhecer, portanto agir.”

Há dias odeio coisas a que não consigo responder.

Ruas, oh ruas... quem são vocês?

Oh Cesário Verde por que não vives e é meu vizinho?

Eu teria te dado amor.

Sou uma pobre amante de pé escorada numa árvore.

Meu tomateiro me dá muito mais atenção do que meu

/amor platônico.

Quero sugerir psicose sim

Freud atravessa minhas páginas.

Te daria um belo susto mastigando tua boca.

Uma senhora de fralda, num asilo me chamou de mariola.

Tento consertar a torneira defeituosa de meu banheiro

Mas o tormento continua pingando.

Tenho ossos crescidos e o bucomaxologista se grudou

A mim para analisar o dente de meu céu de boca.

Quero cuspir meu amor arruinado, antes de começar.

Sou uma mulher dupla/fixa/petrificada.

Já fui amada por um hamster chamado Jim Morrison.

Não se preocupe

Você não fez essa culpa em mim.

Lavei minhas tigelinhas e brinquei de comidinha

Eu cozinho nomes

Tu cozinhas as esperas

Ele cozinha filas

Nós cozinhamos gente

Vós cozinhais alcachofras

Eles cozinham medo e pedras

Ontem, tu eras hostil

Hoje, és um sábio.

Ah! Que vontade tenho de trancar aquela porta ( :: )




Escrito por Rosa Kapila às 23h01
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23/04/2010

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HALMOS & HALMAS

“(...) as delícias do céu estão em mim e os horrores do inferno estão em mim - 0 primeiro eu enxerto e amplio ao meu redor, o segundo eu traduzo em nova língua.”

(Walt Whitman )

Dedico esse poema a minha querida amiga Maria Luiza Ramalho.



Sobre duas mãos cruzadas que eu usei como sistemas de agrupamentos multiplicativos, criei minha base e adoto símbolos.

Quero ser como uma chinesa e registrar meus achados em lâminas de bambu. Ou em papel feito de trapos.

Sonhei que eu era amarrada por quatro cordões transversais; meu corpo era raspado e posto lado a lado com outros corpos. A chuva levou o resto do sonho.

Eu quero qualquer “Número N,” como no letramento grego.

Amo passear todo dia pelas ruas do Centro do Rio.

Depois que almocei com Ícaro na Rua do Carmo fomos à Livraria Travessa do Ouvidor.

O gato da Livraria gritou comigo e ele estava em cima de Buda.

Talvez me sinta impressionada pelos estudos das síndromes;

Li muito sobre “A SÍNDROME CRI-DU-CHAT” que em nossa Semântica

Seria “SÍNDROME DO MIADO DO GATO.”

Que se danem os gatos. Por que em todo sebo do Rio tem um (a) gato (a)?

Tem Hana, Botafogo, Açoka (rei da índia), Bolinha e até Alpha...

Por que há pessoas que miam?

Sei que existem seres que piam.

Não pude dedilhar os livros por causa do grito do gato, que é gata Palmira.

Levei Ike à faculdade e fui ao mar.

Tive um frenesi quando a onda do mar pediu para sentar-se

Perto de mim... aproveita; enquanto estou desesperada.

Seixos e gravetos me olham

Pássaro que voa ninguém mata.




Escrito por Rosa Kapila às 15h32
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18/04/2010

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ROSTO DE CARNE CRUA

“O humor é a delicadeza do desespero”

( Carlito Maia – 1924 – 2002)

Publicitário Mineiro

Dedico esse poema a minha amiga Silvana Owen



Tenho três problemas famosos

O primeiro é transfinito

O segundo forma três números complexos

O terceiro: nada é palpável.

Tento tirar o texto da panela quando leio: “ lá vem o grito

/mudo dos invisíveis.”

(...) é palpável, é pedra e cal (...)

Daria tudo por um pequeno nada.

Quantas coleções de demônios eu já joguei fora?

Vejo o rapaz tão pobre, sentado no chão da Ouvidor

/ e uma placa: “ Vendo ninho de passarinho.”

As letras caligrafadas formavam lagos de lágrimas.

Hoje o sol me molestou de dia, e, a lua, de noite.

Lanço meus pés borbulhantes dentro de tuas portas

/ensapatadas...

O cheiro de desprezo, chegou, porque penso muito

/no berço da matemática demonstrativa.

Mas quando ele funga assim no meu cangote!

Ai!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!






Escrito por Rosa Kapila às 12h20
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09/12/2009

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COSTAS CORCUNDAS CABELUDAS & DRINQUE MOLHADO

“Se calo, estou contemplando, se durmo, sou preguiçosa”

(Madre Teresa de Jesus )





Os quatro dragões de ouro

/da Tiradentes, rebrilham

no apagão.

Acho que só eu vejo, pois

/fugi do calor jogando o lençol

/pra cima.

Ah se eu tivesse os salmos como

/ofícios!

Escolheria meu melhor amigo: Salomão.

E não seria essa chapa rosa.

Pecaria bem

Porque no escuro eu peco melhor.












Escrito por Rosa Kapila às 18h46
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02/12/2009

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CONVITE:

Estarei ministrando palestra

Sobre minha Literatura Infantil e Juvenil

No Colégio Municipal Maranhão, amanhã

Dia 03/12/2009, às 11 da manhã.

Av. João Ribeiro, 389 – Pilares – Rio/RJ

Fone: 2596 -9038

www.rosakapila.zip.net


Escrito por Rosa Kapila às 19h30
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28/11/2009

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UM OLHANDO UM & UM OLHANDO OS OUTROS

“O coração em paz vê festa em todas as aldeias”

(Provérbio índio )

Para meu amigo Edson Melo



Cavuco os segredos de meus armários escuros, porões

/e quartos silenciosos.

Qual labirinto obnublado foi esse que me deu todos

/os sabores?

Pedaços de informações para perder o medo de

/estar errada.

Vôo até Sêneca com seus dramas vingativos

/e seu beijo final em meio à bruma.

Quero ser estimulada pela novidade da

/experiência imediata.

Meu corpo-mamífero-humano de bilhões

/de anos vira pedaços do ser.

O sol passa por mim como uma visão

/e finge que não me vê.

Blake me oferece rosas coradas

/quando o fecho de minha bolsa prende

/minha mão.

A poesia é biológica, não tem jeito.

Meus neurônios gritam para meus tímpanos

Ansiedades

Nostalgias

Devaneios

Carne pensante, faça sua saudação

/àqueles que me lêem.


Escrito por Rosa Kapila às 00h01
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22/11/2009

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MOLHANDO O CAFÉ II

“Sou uma leitora obcecada. Sempre

que leio um livro tenho ideias que adapto

à minha vida”. (Rosa Kapila)





Salguei alguns livros para afastá-los

/das formigas... no decorrer de três meses,

/estavam molhados.

Agora, o sal insosso deixou os livros desminliguidos.

Mesmo assim, com o resultado caustrofóbico

/vou me arrastando até a fotografia de Deus, antes de

/salgá-la.

As traças não foram embora.Tampouco as formigas.

E nem as lagartixas.

Apenas os ratos odiaram o sal grosso.

Eu, ossuda, sem firmeza nos pés obnublados

/acompanho o vôo do pássaro cauteloso,

/no galho de um pé de graviola.

Estas cenas estão na peça que o Zé

/teatraliza.

Faço a vez da atriz com quem ele contracenará.

Deixo os pássaros fugirem floresta adentro.

Para desfazer o mal entendido ponho um gorro

/branco que um dia foi de meu filho Ícaro

/e escancho no cabo de vassoura...estou num cavalo

/que trota...

Zé pede para que eu requebre...

Acabo a cena sufocada. Há anos não faço teatro!

“Estou é quebrada”

Na casa desse meu amigo até os gatos

/são pintados

e tudo que chega ali vira peça de teatro.

No final do texto, dançamos ao som de

“Molhando o café”

Na verdade, molhados estavam os livros

Soltos os passarinhos

E as tanajuras passeando

Entre as lagartixas ariscas.

Rimos muito... até porque essa música

/é muito estranha...






Escrito por Rosa Kapila às 14h33
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12/11/2009

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PROCURO ESSE QUE TRAZ MEU CORAÇÃO COM ELE

“Há cordas no coração que melhor seria não fazê-las vibrar”

( Charles Dickens )

Para: Maria Aldenires de Sousa Lima



Procuro você que traz meu coração com ele

/para dizer que vi quando a onda beijou o pé grande

/do efebo... nem Pégaso nem Perseu quiseram

/meu marido ser.

No firmamento de sol ardido

Bato contra o céu o olho; com minhas asas, escrava-anjo-nua,

/peço para terem cuidado com a minha letra miúda

e digo para as estrelas escondidas que procuro esse

/que traz meu coração com ele para dizer-lhe

/que tenho uma casa feliz, de ninho voador e um urubu

/da floresta vizinha que me dá bom-dia: só às vezes.

Procuro você, que traz meu coração com ele

/concordando que me repito só para me ver;

/mas tem dia que desvio-me de mim. E sei, pois alguém

/já me disse que ar tenho de degenerada.

Fecho o livro sobre estrelas e penso em meu amor

/que domina meu ar de altivez.

Um grande amigo me pergunta: quando poderei

/aproveitar a experiência alheia em meu próprio

/benefício?

Não respondo, pois procuro você que traz meu coração

/com ele e sinto meu pensamento se entrelaçando

/no seu e a chorar lágrimas de céu morto e vermelho

/de fogo; vejo no subúrbio os andarilhos e comboieiros

/que mamãe seguiu.

Divago

Divagas

Devagar; pois continuo procurando você que traz

/meu coração com ele e teço encantos em olhos cor

/de sangue para usufruir de boca que embriaga

/suspiros de amor/olhos/sombra/noturnos febris.

Nesse exato momento tenho inveja dos pássaros que voejam

/ em minha janela; as asas sacudidas escondem de

/mim um pedaço de céu azul.


Escrito por Rosa Kapila às 22h01
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Sou grata a eles que me trazem alegria e ideias novas.

Eles me escutam também; aqui onde sou uma forte

/exilada e designer de penhascos solitários.

Procuro você que traz meu coração com ele

/para dizer que coloquei em bolsa o meu passado bem

/amado e dou pra algumas águias que viajam pelo mundo

/afora um travor de meus antigos dramas; aqueles

/ódios que cobri com os lençóis.

Oh alma amada, será que a essas horas estás voando?

Ele me diria eu sei, cada livro é um combate

/e certeza tenho que és capaz de mudar a noite

/só para inventar nomes e rasgar.

Firmo e assino, alguns pensam constantemente que engolem

/o teu mundo; todavia quando todos dormem a viração

/se dá nos benditos sustos: cobra, lagartos, plantas

/carnívoras.

A Rosa dá o espinho que tem.

Lê pra teu anjo da guarda... lindo que nem tua sorte.

Flor do céu

Flor da terra

Quando estava sonhando com Deus, me acordaram

/para continuar procurando você que traz

/meu coração com ele.










Escrito por Rosa Kapila às 21h56
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28/10/2009

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RUA DA CARIOCA

“Calo-me, espero, decifro.

As coisas talvez melhorem.

São tão fortes as coisas!”

( Carlos Drummond de Andrade)

In poema: Nosso Tempo, do livro

“A Rosa do Povo”





As majestades viveram aqui onde a natureza

/já ficou velha e a morte morre muito mais.

As princesas, agora belas defuntas

/cavalgaram charretes e entre sombreiros

/farfalharam saias.

Antes, Rua do Piolho e após, do Egito.

Animou os dias de Machado jogando bola.

Ele foi criança e um dia usou calção.

Um quarteirão apenas para balançar bolsas.

Eu fujo

Tu foges

Dos ventos da Carioca.

Eu amo

Tu amas

E fervem os corações anônimos.

Vem, que a noite corre atrás de nós.

Aqui, namorados se enlaçam, se entrelaçam

/ e se dispensam.

Eu também já sofri de amor cariocando entre

/vendavais e trovoadas.

Chorei chuva e me atolei no cruzamento

/da Paraguai com a bifurcação da Rua do Verde de flores

/banhadas.

Livros/louças/bancos/correios e o Rei das Facas

/tem parede de oitão com as malas, malinhas, maletinhas,

/malão.

As árvores que se abraçam me abraçam enquanto

/estou amuada esperando o ônibus em frente ao Pilão

/de Pedra.

Elevo o olhar para o Monte Castelo

/e o Convento de Santo Antonio.

Lá vem a noite brigando com a noite.

Uma velha manca virando a noite na janela

/do sobrado pita um cigarro de macumba.

Apenas um quarteirão e cabe A Guitarra de Prata/ O Bar

/do Luiz/ O Cine Íris/ O Boteco Sinfonia Carioca/ O Cine

Ideal que Rui Barbosa abençoou/ O Pilão de Pedra que

/ um dia foi “Zicartola.”

E o primeiro Restaurante Vegetariano do Rio de Janeiro –

/paraíso dos naturebas.

Molambos entopem bueiros e quantos olhos morreram

/só ao te olhar.

Carioca, eu já caí na curva de tua lona!






Escrito por Rosa Kapila às 00h45
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24/10/2009

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PLACA

“Nunca permiti que a escola

Interferisse na minha educação”

( Mark Twain )







ESCREVO PARA ESBAGAÇAR

AS MINHAS TRIPAS.

É ESTA A ALQUIMIA DE MEU VERBO.




Escrito por Rosa Kapila às 00h04
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Escrito por Rosa Kapila às 21h51
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18/10/2009

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“MOLHANDO O CAFÉ I”

“Prazer maior que possuir uma biblioteca

é cavaquear sobre livros.”

(Charles Nodier )



Meu amigo Zé não vai à praia. Vai ao bar.

Enquanto como arroz branco com

/um montinho de ovos

/dou aquele grito mágico para que

/o Zé salve a Mãe-Terra e pense em sua salvação.

Ele faz o teatro: oh! Mundo/ ou Aurora!

“Me lembra querida que Cristo

/está me esperando!”

Gaiolas penduradas em sua casa

/me levam para cidades onde o acalanto

/ é gravado por pássaros de plumas vermelhas

É a nova peça do Zé.


Escrito por Rosa Kapila às 13h11
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04/10/2009

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TWITTER 1 - rosakapila - Blanchot - lembra da cena do filme? "Se essa lupa fosse perfeita dava p ver Deus no paraíso!" bjs www.rosakapila.zip.net30 minutes ago from web

rosakapila

Escrito por Rosa Kapila às 20h29
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