sábado, 14 de fevereiro de 2015

TAIGUETE NO CAMINHO DOS HIBISCOS



( POEMA DE ROSA KAPILA )
Taiguete no caminho dos hibiscos

O cheiro fica pra mim mesma
O libreto molhado para Taiguete de tranças
Duas bruxas perigando voar.
Exauridas.
Quanto mais insuportável
Mais cedo o poema vai saindo.
Cisco no olho no caminho da floresta
/ e fantasmas nos arruínam em gritos aloprados.
Medo no turbante que veio de Angola.
Parecem palmas à distância
/ ou uma ceia com rabanadas.
Pássaros enchem  a barriga
Os jacarés vomitam uma gosma verde.
As folhas são lindas e nos ouvem
Temos pratos, panelas e um cão amigo
/ porém sinto cheiro de bife.
O viajar do olho: floresta dos hibiscos
Taiguete corre e começa a cavar
/ arranca seus livros enterrados
As vestes dos livros estão imperecíveis.
A amiga teria aprontado alguma feitiçaria?
Penso em ciclopes
O mar habitando a poucos quilômetros
/ fogueiras, o bife na salmoura, princesas, mamão
/papaia, trevas, algum abutre pulando em minha lombar
Os hibiscos estão abertos, cheirosos.
Os livros, fechados e amarrados.