domingo, 27 de junho de 2010

AOS MEUS PARENTES SERPENTES
“A solidão se reflete, no olhar, que expurga o som do ranger da alma. Um brilho opaco de uma sombra branca com gosto de água amarga e sal sem doce”
( Augusto Vicente )
Para meu querido irmão Lásaro Venceslau dos Santos, por motivos óbvios.

A espuma do feijão preto,fez-me lembrar a espuma do mar
E eu própria, espumo ao zumbido de um tango.
Familiares me atiram pedras dizendo que não escrevo o
/que escrevo. Qual alma me escreverá?
Uma personagem da família ainda questionou: quem diabo ler aquilo
/que ela escreve?
Respondo de memória: tem muito diabo por aí me lendo.
Outro parente que eu alimento e que é desafortunado disse que
/sou mitônoma.
Trago na algibeira um ditado popular:”não sei se caso ou se compro uma vaca.”
E os parentes sem dinheiro sempre retornam atrás de minha grana.
Fiquei surpresa com o tanto de doença que alguns me deram...se não me engano tenho
/8 doenças incuráveis... bem caros leitores eu não poderia morrer sem escrever sobre
/esse censo do IBGE-BREGA a meu respeito.
Dessa forma já já a galinha dos ovos de ouro vai pras cucuias.
Antes lhes daria um soco lindo em cada olho e quebraria os dentes
/das infâmias com uma garrafa de gatorade.
Nessas horas sou bem Bukowskiana.
Fatiarei pepinos para manter a sanidade
/quando eu eclipsar-me no nº 2.
Deixarei o mundo em chamas para eles todos
Jogarei pedras como uma criança... e vou avisando; o melhor do
/touro está nos chifres.
Tenho um gato de 25 anos que me lambe e me traz muitos beijos
/de viagens.
Todos esses familiares engasgados com cebola precisam de muito mais sorte
/do que eu.
O Gatorade irá também para os dentes daquele diabo
/que incendiou meu fogo e partiu como uma faca parte
/um tablete de manteiga.
Minhas raivas, às vezes são trambolhos que atiro no ar e eu
/viro um terror.
Sinceramente, com a raiva que estou eu os embarcaria
Na Nau Catrineta para apodrecerem num porto bem longe de mim.
E aquele pau que nunca me incendiou irá junto.
Conheço alguns desfiladeiros bem próximos
/ao mar que espuma.
Fale mal de mim mas não de minha obra.
Já inventei muita gente que me inventou.
Vou fazer de você que fala mal de mim,
/um trapo endurecido.

Beijos a todos vocês meus caros leitores.
Venham tomar café com a autora na sala Rosa Kapila
Prometo que não mordo ( marque a hora (21) 9105-5698

sábado, 26 de junho de 2010

O TRIO DE OSSOS
“O desprezo é uma pílula amarga, que se pode engolir, mas que não se pode mastigar
Sem fazer caretas”. ( Jean Molière )
Para minha conselheira espiritual, Silvana Pimentel Batista

O desprezo faz milagres, a indiferença dele me curou.
O pecado mora em meu bairro; e eu uma pastora nômade que
/faz guerra a seu vizinho.
Assumi a postura de uma *Masan derrotada.
Vou criar um império Caldeu ou Neobabilônico e morar
/nas montanhas Zagros
Depois viajo atrás de meu amor de Gobi.
Quero passar por uma suposta conquistadora
Talvez eu deva considerar os mistérios da natureza
Meu prolongado isolamento é matemático
É muito esgoto para meu gosto
E se não sou um cão que briga bem tenho a sorte
/de ser boa perdedora.
Meu remédio de labirintite acabou e eu caio dentro do
/guarda roupa.
Arrasto-me até a cozinha,sento-me no chão, abro a porta
/da geladeira e entro.
Passa o calor
Passa a tonteira
Passa tudo.
Lavo minha cara e pescoço com gelo: dizem que espanta qualquer
/ebó.
A única panela de barro que eu tinha, quebrei contra a parede / e me rastejei para dentro e para fora de casa.
Estou só... nenhuma carne para eu chupar.
Um osso, dois ossos e mais um osso se completam.
É difícil dar alimento ao vento enquanto ele ri de tua cara.
Vomitei em minhas pernas; mas as pernas são minhas.
Não desgosto da vida
Todavia hoje eu queria beber uma pá de álcool
/e ingerir farofa com torresminho
Que me importa que esse poema seja sujo; pois igual minhas pernas
/ele também é meu.
Vou tirar uma foto sentada em um cactus na Serra da
Capivara e ficar ali, bem abandonada.
Hoje é o dia de uma grande derrota minha.
Quem diabo vai querer herdar “as delícias do planeta Terra?”
Quero ser vagabunda que nem um meteoro
Rasguei o poster de boa mãe.
Eu me pergunto porque não fiquei louca com o fora
/que levei.
Passei uma semana dormindo com um jovem
/de 25 anos.
HOMEM TRAI
E MULHER SE VINGA.

*Masan é mais um de meus pseudônimos.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

PAULO NUBILE MEU AMOR
“Tua mansão, teu corpo
Síntese
Farol do rio”
( Paulo Nubile )
Obs: este é um fragmento de um poema que Paulo escreveu em carta
Para mim, em 27 de janeiro de 1998

Ofereço para ti meu amor meus melhores poemas
Quando na calada da noite me sonhas e beija minha alma.
Eu tenho os passos da lua /das estrelas/dos céus para te seguir
/alma ambulante.
Veja meu amor saio agora da vigília... estou doida de saída e muito mais doida
/para te mostrar minha tatuagem de teu rosto em minha virilha.
Encontrei uns pratos rachados de nossa viagem à França
Tua camisa de quadradinhos amarelos eu cheiro todo dia
Roubaram nossas cartas meu amor mas o lençol que me destes está aqui
/Embolado em meus pés.
Olho o crepúsculo e o Cristo Redentor e te vejo quando
/ninguém está por perto.
Minha nuvem predileta me pego esperando o “sonho” com café
Eu não teria coragem de registrar aqui a vontade de morrer
/em “nosso jardin secret”.
Meu amor me mantenha informada do que acontece aí no céu.
Insana te remeto tudo daqui.
Naquele hotel de Caçapava eu untava tua boca com meus lábios de manteiga
/apenas uma pequena referência ao filme “O útimo tango em Paris”
E você: “fique em pé, nua e olhe para mim” para enfrentarmos o mundo caminhando
/em lindos tetos, apagando luzes de poste. Como era verde o meu vale.
Eu preferiria ter morrido naquela noite a viver chorando hoje.
Não ver mais o teu corpo é como jogar pedra na lua e querer ouvir
/o barulho daqui de baixo.
Meu amor, me sonhe hoje
Me sonhe toda noite
Eu rezo/canto/choro/bato ovos/descasco abóbora/faço purê de maçã/pego táxi/
/olho para lindos homens/planto hortênsias/faço sonetos
Mas quando o dia nascer haverá um sol me acordando
/para me apontar os postais que te escrevo
Um copo com água me acalma
Meu amor morto por que tenho que lutar com essa batalha?
Um mosquito me morde enquanto tomo café no parapeito
E peço forças ao Cristo Redentor.
Se eu pudesse encaixava minha cabeça em meu pescoço
Meu ronco me acordou porque eu viajava bodada
Estava já na CENTRAL DO BRASIL
Procuro uma lata de lixo e vomito, minha calça jeans
/parece um papel corrugado.
No próximo bar eu lavo a cara.
E, hoje,sentada em teu túmulo mando
/fotos para o mundo.