domingo, 22 de novembro de 2009

MOLHANDO O CAFÉ II
“Sou uma leitora obcecada. Sempre
que leio um livro tenho ideias que adapto
à minha vida”. (Rosa Kapila)


Salguei alguns livros para afastá-los
/das formigas... no decorrer de três meses,
/estavam molhados.
Agora, o sal insosso deixou os livros desminliguidos.
Mesmo assim, com o resultado caustrofóbico
/vou me arrastando até a fotografia de Deus, antes de
/salgá-la.
As traças não foram embora.Tampouco as formigas.
E nem as lagartixas.
Apenas os ratos odiaram o sal grosso.
Eu, ossuda, sem firmeza nos pés obnublados
/acompanho o vôo do pássaro cauteloso,
/no galho de um pé de graviola.
Estas cenas estão na peça que o Zé
/teatraliza.
Faço a vez da atriz com quem ele contracenará.
Deixo os pássaros fugirem floresta adentro.
Para desfazer o mal entendido ponho um gorro
/branco que um dia foi de meu filho Ícaro
/e escancho no cabo de vassoura...estou num cavalo
/que trota...
Zé pede para que eu requebre...
Acabo a cena sufocada. Há anos não faço teatro!
“Estou é quebrada”
Na casa desse meu amigo até os gatos
/são pintados
e tudo que chega ali vira peça de teatro.
No final do texto, dançamos ao som de
“Molhando o café”
Na verdade, molhados estavam os livros
Soltos os passarinhos
E as tanajuras passeando
Entre as lagartixas ariscas.
Rimos muito... até porque essa música
/é muito estranha...

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