quinta-feira, 16 de setembro de 2010

LOVE E-MAIL
"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar".
Carlos Drummond de Andrade
Para Rubens, o muso


Tiro um cisco do dente e beijo minhas cutículas
enquanto as mordo
são comidas?
não
são cuspidas.
Tem hora que sou a maior surpresa pra mim mesma.
Corro para pegar meu ócio no laço.
Oh mar passageiro, venha aqui, me beijar.
Eu sei caro leitor tudo meu é fragmentado
minha estante tem um buraco onde eu maloco
Anne Sexton.
Fiquei com vergonha do espelho, esse ingrato que
me olha... e as paredes, raspei para plantar pregos.
Ainda escrevo cartas, escondidas, enquanto olho a fileira
de sapatos debaixo da cama.
Eu, que nem Garcia Lorca tenho medo do rosto dos sapatos...
mas olho meio que de cara fechada.
Hoje peguei minha vitrola que me acompanha há séculos...
amaciei e parodiei Jimi Hendrix:
- meu marido foi embora com minha melhor amiga. Sinto falta dela.
Tenho dez relógios me espetando os ouvidos. Não ouço a blindagem
da guitarra de Hendrix.
Quero encurralar palavras que me ferem.
Lá vem uma porta fechada mais uma mais uma mais uma
mais uma
Detesto porta fechada
Prefiro os espelhos vivos dos banheiros sem portas.
Amanhã pela manhã vem o sol pelo avesso me brilhar.
Daqui a pouco meus livros dormirão e a lâmpada me dará té logo.
Queria ser um ghost mas isso é um achado já perdido.
Vou fazer trabalho de agulha, como diria Machado de Assis em
"A Causa Secreta".
Vou passar em revista o mapa de Buenos Aires e, tentar
dormir deitada.

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