sábado, 18 de dezembro de 2010

O GRAU ZERO DE TODOS OS LUGARES
“Vivemos com os nossos defeitos como com os cheiros que temos: não os sentimos, eles só incomodam os outros.”
(Anne Lambert )
Para minha avó Emily


Amigo, deixe essa ladainha: tão sozinho
Lou Reed diz: os tolos se atropelam enquanto os anjos se contêm
Admita, não se pode ser esperto o tempo inteiro.
Alguém está interessado nos seus ossos?
Vou ficar no bar, quietinha e permanecer olhando pros meus pés.
Não sou o tipo que choraminga sobre uma garrafa de cerveja.
Nós dois precisamos algum dia dormir juntos.
Eu prometo temperar uma comida chinesa e gostar mais de
Truman Capote.
E direi que não acho carne algo nojento como se diz em Teresina:
/estou engulhada.
Hoje é dia de malote; pelo apagar e acender das luzes da comunidade
/que vejo ao longe.
As palavras se travestizam e as luzes viram sinais.
Dezenas de palavras-valise aparecem.
Já tomei meu golinho de café e acho que vou me mandar.
Mais uma vez, amigo, você não veio.
Não sei porque mas eu não me sentiria bem fazendo gracinhas de copo na mão.
Um garoto engraxate, com cabelo de tõin nhõin nhõin, pega em meus dois pés.
Mas digo, vou te pagar por esse teu sorriso.
“A senhora não devia frequentar esse boteco - diz o menino”.
Baby há muitas coisas que eu frequento e não devia. Sou do tipo
Que comete o erro 100 vezes.
Mas eu já matei células da cabeça e saí à francesa de copo na mão.
Garotinho, eu permito que você me veja feliz.
Sabe o que eu queria, menino?
Sentir o cheiro e o gosto dos lábios dele.
Nunca acordei extasiada com teu corpo.
Mas só você me fala de uma terra distante onde os sábios
Se beijam na boca.
Baby
Ensine-me como a lua que nasce
Ensine-me pecados
Ensine-me como se fabrica a história dos mistérios
Diga-me se eu tenho vícios e virtudes.
Me pendure num galho e me balance ao vento.
Não consigo manter minhas mãos longe de certos papéis.
Ponho sobre a mesa o dedo no ponto em que desejo aportar.
Sei quando te encontrar: vou ficar tremendo por dentro.
Sete dias tem uma semana e sete dias penso em teus pelos.
Quando o pecado chega tão longe só nos resta cuspir no
/no espelho e estapear a cara.
Hoje em dia não tem mais édipo, nem Jocasta, muito menos Freud.
Diante do desprezo a indiferença fica imensa.
Espero o dia em que você enfie o troço em minha boca cristã.
Só num mundo tão indisciplinado e cruel o amor pode esperar.
Penso no dia em que eu possa pousar um beijo em teu ouvido.
Já lutei muito para fazer do amor uma lenda.
É melhor combatermos a sombra.
Queria encontrar nos teus olhos retratados nos meus
/uma encomenda de felicidade
Só me resta trabalhar a paciência.

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