terça-feira, 27 de julho de 2010

SOU ATORMENTADA POR MEUS LIVROS DO CAFÉ DA MANHÃ

AO JANTAR.

"A vida ideal consiste em ter bons amigos, bons livros e uma consciência sonolenta."
(Mark Twain)
Para meu amigo Feliciano Bezerra ( o famoso Fifi)

Epicuro me disse que só os alimentos e um abrigo são necessários aos humanos.
Desculpe, Epicuro, mas estou com alguns sofrimentos físicos que conferem
/minha amargura. Ah se o que acontece fosse somente obra nossa!
Meço minha altura sem minhas pernas de pau e ouço notícias velhas em árvores mortas.
Preciso refletir sobre a breve passagem do tempo antes de sua extinção e raciocinar
/muito para onde meus pensamentos devem ir.
Tenho esperas distorcidas; apesar de abençoadas.
Não adivinharás mais como funciona meu desejo. Pergunto-me: por que parei
/de apreciar J. depois de possuí-lo por tanto tempo? Satisfação duradoura?
Somos infinitamente incapazes de tê-la.
Em meu caso vivo substituindo uma angústia por outra.
Concomitantemente fabrico eventos emocionais: esperas de bons ventos
para meu platô e judiar meu cérebro como se quebra uma noz com um martelo.
Ah os abandonos! Fiz cálculos metódicos de alguns e descobri que sempre
invejei a coisa errada e sou atormentada por meus livros do café da manhã
ao jantar. Dê-me seu sofrimento, que eu o interpreto.
Divido angústias de tempos e ventos com Virgínia Woolf: se houvesse frango,
pegaria uma coxa; se houvesse uma corrente de ar, me sentaria nela.
Hoje o Cristo Redentor está enfeitado de sol e nuvens de chuva.
Visualizo emoções condensadas no céu: um avião circulando sobre minha cabeça
e nuvens encostadas no chão.
Edifício Imperador 2010 - 19 - 07

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