segunda-feira, 23 de agosto de 2010

23/08/2010 14:40 - publicado por Rosa Kapila [ Alterar ] [ Excluir ]


UMA FLOR SOZINHA,CORTADA E SOLTA NO AR

"A morte é um ponto-e-vírgula, não um ponto final"

( Jávier Godinho )

PARA CISSA GUIMARÃES





A flor quer um lugar onde os diferentes possam viver em paz

observo as horas que perderam meu relógio, no tempo puro.

Hoje, um pato gigante quase me matou de susto no Campo de Santana

antes de ver alguém fujo do pato e abraço minha vida em meus braços.

O ser humano já foi à lua e tem medo de ir à esquina.

Tolstoi, debaixo de meu braço, grita comigo e nos mostra

o fígado flutuante e níveis de sal desequilibrados de Ivan Ilitch;

o grande Ivan que sucumbiu à depressão.

Fiquei com medo do pato e, agora um cachorro paralítico me segue

e, meu relógio, reage, zangado com a perda do tempo.

Já vi que hoje é o dia dos bichos e filmes de cemitérios.

O realismo de Andrew Marvell me comove: "(...) o cemitério é

um lugar bom e privado, mas ninguém, penso eu, submete-se a ele"."

Hoje, briguei com minha lixeira; mas ganhei o dia encontrando-me com Edna.

Deito-me sob o teto desmoronado e sofro pela mãe que perdeu seu filho

que bailava num skate.

Sou dona de estados de espíritos raros e fugazes.

Quando minha memória terá o prazer mais intenso que ela possa obter?

Vejo minha vida que eu considerava obra prima, decaindo e não me desesperei, ainda!

Pedaços de meu corpo se arrastam pelo chão e, tipo Pompéia me vulcanizo.

Deito no chão areado de minha cozinha e observo que uma aranha tece meu destino.

Amor

Alegria

E ruína!

Aquela perturbação tem a sua importância.

Saudade de quintal com galinha e porco entrando pela cozinha.

Nossos corpos são tão frágeis como os corpos de traças e aranhas.

Mesmo a pessoa mais poderosa não é nada, diante de uma montanha.

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