segunda-feira, 13 de abril de 2009

ENQUANTO PASSEIAM OS RATOS

“Já fico feliz de poder lidar com Lampião,
satanás e muitos outros, tudo no tempo que
/eu invento, às vezes com lógica, outras nem tanto”
(Alceu Valente )



Para minha amiga Agripina Pomar


Meus vizinhos são estranhos
/de religião nem se fala, tampouco de sinais de fogo.
Alguns deles terão o meu sotaque?
Seguro o meu caderno de espiral para jogar fora
/consoantes e vogais enquanto mastigo sementes
/de girassol pra cima e pra baixo no elevador.
Aqui, nesse elevador, estão alguns mistérios
/de meu medo.
Falei para um vizinho que o maior incêndio da
China foi causado por ratos que mastigaram os
/fios elétricos do prédio.
A goela do homem se inflou e com medo ele disse:
“lugares importantes se queimam...imagina!”
Fugi do elevador pela neblina
Cometerei versos assassinos e os despacharei com os
/cumprimentos dessa autora que agora sai
/para caçar os ratos...
Ratos em geral não falam mas deixam pistas.
Em minha sala de estudos couros comidos e flores esbeltas
/dormindo sobre o papaya verde que virou um túnel
/ e o capuz de meu capote escondia a aritmética
/de meu medo.


(rosa kapila)

Nenhum comentário:

Postar um comentário