quarta-feira, 15 de abril de 2009

A PRECARIEDADE DA SORTE HUMANA


“estranho livro aquele que escreveste, artista
da saudade e do sofrer! Estranho livro aquele
em que puseste tudo o que eu sinto, sem
poder dizer” (Florbela Espanca)


Toda a carne que tenho distribuída testa
/abaixo, dói.
E, ainda dizem que forte sou.
Eu ando, eu corro, eu penso em aparar aquela luva
/perdida por um astronauta, no interplanetário.
Eu invento “a lógica dos possíveis narrativos” em lixo
/espacial.
O que me salva são os poetas de antigamente,
/que me fazem companhia.
Avalio encantadores frutos e mistérios de pessoas
/escondendo seus sabores.
Penso nos grãos de areia que juntei numa latinha
/de marrom glacê para recompensas dar-me
/em formas irreais.
Imagino treinar feituras de sonetos, saltos ornamentais
/em cachoeiras, fluxos de energia no Himalaia.
Penso muito na precariedade da sorte humana.
Lembro-me de um cajueiro velho de Pindamonhagaba.
Gosto de relembrar-me da casa do tio Bob de Pinda
/e nos moranguinhos que colhíamos pela estrada.

(rosa kapila)

Nenhum comentário:

Postar um comentário