quarta-feira, 8 de abril de 2009

OS PONTOS CEGOS DA CASA


“Os livrinhos têm o seu destino”
( Terenciano Mauro – século III d. C )



Hoje, a cor de meu poente de Teresina
/veio encontrar-me em curvas de pássaros
/no céu ambrósio.
Pensei em lendas
Pensei naqueles meus vizinhos que eram
/donos de um grande segredo.
Pensei nas sujeiras do texto
/e naqueles caras que costumavam pegar almas.
Quando a luz do sol apontava
/ eu tinha que levantar-me e agir.
A blusa da escola, alvinha
/os sapatos, pretinhos
/a saia, pregueadinha.
Meu pai às vezes tocava sanfona de madrugadinha.
E mamãe fazia chouriço...eu olhava aquilo
/quente e aguentava até onde podia aguentar...
/e dizia em meus pensamentos “de onde veio um
/ser para eu amar tanto?”
Os pontos cegos da casa eram noturnos.
As lendas!
/de mortos dependurados e jovens mortas
/atrás das portas.
E tinha um velho sem-vergonha numa esquina.

(edu planchêz)

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